AMEI esse livro da escritora sueca Majgull Axelsson. AMEI. Tinha lido um outro dela, Aprilhäxan, há muitos anos, quando ainda estava aprendendo sueco, e que também gostei muito, mas esse aqui é maravilhoso. Conta a história de uma menina alemã roma (cigana, na língua popular e preconceituosa), presa pelos alemães durante a segunda guerra mundial, e que adotou a identidade de uma outra menina judia para se salvar. Ela acaba sendo resgatada num campo de concentracão e salva, quando chega à Suécia e é aceita como refugiada. O título do livro pode ser traduzido como “Meu nome não é Miriam”. A protagonista, já com mais de 80 anos, rejeita a mentira que viveu durante anos e conta a história da sua vida à neta, durante um passeio. A cada capítulo ela tira uma camada de poeira da sua vida, conta que ela foi obrigada pelas circunstâncias, na Alemanha e depois na Suécia, a fingir ser judia para salvar a pele. Afinal, ser judeu não é considerado lá muito bom, mas pior mesmo é ser roma. Adoro o estilo de Majgull Axelsson. Dá pra ver que ela fez muita pesquisa: a descrição dos campos de concentracão é fenomenal, assim como a capacidade dela de descrever como os presos eram tratados, a hierarquia das barracas, a busca por comida, os testes em criancas (terrível), as doencas. Mas também, muitas décadas depois, é fenomenal como ela costura a história perfeitamente, com pedacos da juventude de “Miriam” na Suécia, de como a sociedade sueca era na época do pós-guerra e como ela sobreviveu apesar de viver uma mentira por muitos e muitos anos. Fenomenal.

Lido em sueco.