"The God of Small Things"
September 28, 2005
Comecei a ler o livro de Arundhati Roy esperando encontrar uma versão indo-britânica da Isabel Allende; uma contadora de histórias envolvente e fluída. Qual não foi minha surpresa quando me deparei com o estilo caracolístico da autora. Explico: ela escreve maravilhosamente bem, porém sem qualquer respeito por linha de tempo ou de acontecimentos. Parece que tudo acontece ao mesmo tempo, a vida de seus protagonistas quando eram criancas se passa paralelamente à vida adulta. Tudo parece acontecer simultaneamente (com muuuitos adjetivos em todas as frases), o que pode representar dificuldades pra quem se acostumou a narrativas mais linerares e diretas. É preciso aprender a gostar da linguagem multicolorida e aparentemente desordenada de Roy, seguir em frente com fé, sacolejar na estrada sem perder a confianca, porque no final (no meio, no início?) tudo faz sentido. E aí, você percebe a história incrivelmente triste que acabou de ler.
Lido em inglês.
"Kalla det vad fan du vill"
September 14, 2005
O livro de Marjaneh Bakhtiari é delicioso. Conta a história da família Irandoust, que imigrou do Irã para a Suécia. O pai, poeta e filósofo, vira dono de pizzaria e motorista de taxi. A mãe, física nuclear, cuida de crianças em creches (mais de uma). Os filhos do casal, Bahar (menina) e Shervin (menino) falam sueco com sotaque da região de Skåne – o que fica claro na grafia dos diálogos (uma delícia). Aprendi muito com esse livro. Aprendi a importância de fazer diferença entre ser tolerada e bem-vinda, além da necessidade dos outros em te atribuir características nem sempre corretas, apenas por você ser “diferente”. Suécia, ôôô lugarzinho complicado, sô.
Lido em sueco.
"Det är svårt att sjunga med kluven tunga"
September 6, 2005
Lars-Göran Selander descreve como se recuperou de sua doença mental. Li para o curso de psiquiatria da universidade. Teremos que discutir o livro num seminário valendo nota. Gostei muito do livro, que é daqueles confessionais. Uma hora lá, quando Selander descreve a morte da mãe (o início de seus problemas mentais), chorei pra caramba. É interessante ler sobre a volta à vida “normal” de uma pessoa com dificuldades mentais (emocionais etc). Interessante para mim, como “nova-sueca”, é reparar como o seguro social cobre, pelo menos no caso de Selander, psicoterapia durante 14 anos. Isso sim é que é Primeiro Mundo.
Lido em sueco.